domingo, 10 de maio de 2009

carta do tapajós


Documento do II Seminário de Debates Sobre o Projeto
Governamental das Hidrelétricas na Bacia do Tapajós
CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES E À POPULAÇÃO BRASILEIRA
Frente aos planos governamentais, nacionais e internacionais, de destruição dos povos,
meio ambiente e do próprio Rio Tapajós, não vamos continuar passivos. O governo brasileiro
NÃO TEM O DIREITO de violentar nossa dignidade, criando hidrelétricas sem dialogar com as
populações que sofrerão os impactos negativos. O governo brasileiro NÃO PODE descumprir a
Constituição Federal ou modificá-la para beneficiar as grandes empresas e as imposições do
capital internacional.
Temos clareza de que os impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais, na bacia
do Rio Tapajós, comprometem a vida humana, animal e vegetal, sem respeitar fronteiras ou
acordos governamentais. Assim, denunciamos a conivência passiva e ativa do governo e seus
órgãos (Eletronorte, Eletrobrás, etc.), diante dos crimes cometidos pelas empresas construtoras
de barragens (Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, Suez, etc.) e empresas eletrointensivas
(Albras, Alunorte, VALE, Pará Pigmento, Alcoa, Itacimpasa, Rio Tinto, Imerys Rio
Capim Caulim, etc.) que consomem muita energia, geram pouco emprego, saqueiam nossos
recursos naturais, contaminam a água, terra, floresta, ar e destroem e violam os direitos das
comunidades locais e comunidades indígenas, impedindo até mesmo que nossas crianças
possam brincar, ou se alimentar dos peixes dos rios da Amazônia.
Além disso, diversas Unidades de Conservação estão localizadas na região do Tapajós,
dentre as quais o Parque Nacional da Amazônia, com mais de 1 milhão de hectares, e sob a zona
de impacto direto do complexo de hidrelétricas proposto, com perda considerável para a
biodiversidade ali existente; isto sem contar outras unidades como: Flonas Itaituba I e II, Flona
Amana, Flona Jamanxim, Flona do Crepori, Flona do Trairão, APA Tapajós, PARNA
Jamanxim, PARNA Rio Novo.
Diante do desrespeito das autoridades para com nossos povos, nós, ribeirinhos,
agricultores familiares, pescadores, indígenas, sócio-ambientalistas, pesquisadores, educadores
populares, jovens, homens e mulheres atingidos e ameaçados pelo Complexo do Tapajós, e por
outras obras, decidimos que:
Não aceitamos e declaramos que somos contrários ao Complexo Hidrelétrico do Tapajós
que, além de prejudicar nossa cultura e meio ambiente, não nos trará benefícios, beneficiando
apenas o grande capital e empresas nacionais e estrangeiras.
Não admitimos ser tratados como entraves ao crescimento econômico do Brasil, pois
somos brasileiros e brasileiras e sofreremos todas as conseqüências destes projetos hidrelétricos.
Declaramos nossa luta incansável em defesa dos direitos dos povos ribeirinhos,
agricultores familiares, pescadores, quilombolas, indígenas e populações tradicionais atingidas e
ameaçadas pelo Complexo do Tapajós.
Nós, 404 (quatrocentos e quatro) homens e mulheres presentes no Parque de Exposições
Hélio da Mota Gueiros na cidade de Itaituba, indígenas e não indígenas da Bacia do Rio
Tapajós, sabemos o que queremos e precisamos para desenvolver nossa região, pois isso já
fazemos ao longo dos anos, convivendo em harmonia com aves, peixes, animais, e com a nossa
maravilhosa floresta amazônica.
Queremos ser respeitados e respeitadas pelas políticas governamentais.
Queremos investimentos nas políticas públicas de saúde, educação, moradia, agricultura
familiar, pesca, estradas e vicinais e tudo o mais que precisamos para viver com dignidade e
conservar o meio ambiente e a cultura para as presentes e futuras gerações.
Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade aos companheiros e companheiras
criminalizados (MAB, MST, FETAGRI, STTR, CPT), vítimas das conseqüências da barragem
de Tucuruí, após quase 30 anos de sua construção.
QUEREMOS OS RIOS VIVOS PARA AS PRESENTES E FUTURAS
GERAÇÕES!
“NÓS NÃO ACEITAMOS ESSA BARRAGEM, E CASO ELA VENHA NÓS
VAMOS REAGIR”
Cacique Suberalino Saw Munduruku
Itaituba, 30 de abril de 2009
COMUNIDADE DE SÃO LUIZ DO TAPAJÓS
COMUNIDADE DO PIMENTAL
COMUNIDADE DE BARREIRAS
COMUNIDADE DE CAMPO VERDE (KM 30 DA TRANSAMAZÔNICA)
COMUNIDADE INDÍGENA ALDEIA NOVA
COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO MANGUE
COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO ÍNDIO
COMUNIDADE DO CURI
COMUNIDADE DE BARREIRAS
COMUNIDADE DE FORDLÂNDIA
COMUNIDADE DO JURUTI
MOVIMENTO XINGU VIVO PARA SEMPRE
ARTICULAÇÃO PANAMAZÔNICA – APAN/FSM
INTERNATIONAL RIVERS
RÁDIO RURAL DE SANTARÉM
IAMAS - INSTITUTO AMAZÔNIA SOLIDÁRIA E SUSTENTÁVEL
FASE AMAZÔNIA (FEDERAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA ASSISTÊNCIA SOCIAL E
EDUCACIONAL)
FUNDO DEMA
FAOR
FÓRUM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA BR 163
COLÔNIA DE PESCADORES DE ITAITUBA
COLÔNIA DE PESCADORES DE JACAREACANGA
CPT (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA DE SANTARÉM)
FVPP (FUNDAÇÃO VIVER PRODUZIR E PRESERVAR)
MMCC BR 163-PARÁ
MMCC DE ALTAMIRA
MMCC-PARÁ (MOVIMENTO DE MULHERES DO CAMPO E DA CIDADE)
ASFITA (ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS DE ITAITUBA)
STTR- SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE
ITAITUBA
AMIPARNA – ORGANIZAÇÃO AMIGOS DO PARQUE NACIONAL DA AMAZÔNIA
COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ DE ITAITUBA
PASTORAL DA JUVENTUDE DE ITAITUBA
COMPANHIA ECOLÓGICA E CULTURAL AMAZÔNIA VIVA
ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DOMÉSTICAS DE SANTARÉM – AMDS
COMOPEBAM – COMISSÃO DO MOVIMENTO DOS PESCADORES E PESCADORAS
ARTESANAIS DO OESTE DO PARÁ E BAIXO AMAZONAS
EETEPA – ESCOLA ESTADUAL TECNOLÓGICA DO PARÁ – ITAITUBA
SINDICATO DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE ITAITUBA
ASSOCIAÇÃO AICOTTACC DO PAE CURUÁ II SANTARÉM
PASTORAL SOCIAL DA DIOCESE DE SANTARÉM
FDA – FRENTE DE DEFESA DA AMAZÔNIA

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