domingo, 26 de abril de 2009

artigo

Canção na Plenitude
Lia Luft
Não tenho mais os olhos de meninanem corpo adolescente, e a peletranslúcida há muito se manchou.Há rugas onde havia sedas, sou uma estruturaagrandada pelos anos e o peso dos fardosbons ou ruins.(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudoo que perdi: dou-te os meus ganhos.A maturidade que consegue rirquando em outros tempos choraria,busca te agradarquando antigamente quereriaapenas ser amada.Posso dar-te muito mais do que belezae juventude agora: esses dourados anosme ensinaram a amar melhor, com mais paciênciae não menos ardor, a entender-tese precisas, a aguardar-te quando vais,a dar-te regaço de amante e colo de amiga,e sobretudo força -- que vem do aprendizado.Isso posso te dar: um mar antigo e confiávelcujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,cujas correntes ocultas não levam destroçosmas o sonho interminável das sereias.

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